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01 – A SEMENTE LANÇADA, FLORESCEU – PORTAL NOVO TEMPO: 29 ANOS
- Fernando Mauro Ribeiro
- 1 de set. de 2023
- 4 min de leitura
Tenho me dedicado nos últimos tempos, a trabalhos na minha terra natal. Há dois meses fiz uma poda radical em “meu jardim”. Na verdade, o jardim de minha mãe, em Cachoeira Alegre, que continuo cultivando, cuidando, replantando, podando. Estando, pois, ausente, por algum tempo, por conta de uma viagem que fiz; olhando para os canteiros, vi com tristeza as plantinhas também tristes, sedentas de água e carentes de atenção. O simples olhar já influencia a realidade. Mas não basta ficar olhando. Preciso fazer algo mais, disse para mim mesmo.
Sofrendo; as plantas e eu, com a escassez das chuvas, reguei como pude e optei pela poda. Olhei algum tempo depois, para os pés de azaleias e roseiras e pensei que havia exagerado, ou talvez não fosse um bom momento para aquela intervenção.
Bem sei que a jardinagem é uma arte milenar, muito mais antiga que a filosofia. Há muita sabedoria escondida na ciência do semear, cuidar e colher flores. Vale ressaltar que: a Filosofia é o lugar da complexidade. A jardinagem é o lugar da simplicidade. São territórios muito distintos. A Filosofia é o campo das perguntas e respostas. O jardim é o campo onde a vida prevalece misteriosa, mas ao mesmo tempo totalmente revelada. Por mais instigante que seja o contexto da complexidade filosófica, vez em quando a gente se cansa dele.
O jardim é o lugar da contemplação, e a contemplação não é outra coisa senão o descanso do pensamento. É por isso que vez em quando a alma grita pela necessidade de silenciar-se. Grita pelo direito de cessar as perguntas, de interromper, ainda que temporariamente, a produção de respostas. A contemplação não pertence aos territórios da inteligência. Pertence aos da sabedoria.
Dizem que as flores respondem o que as palavras ainda não sabem perguntar... Então, em um outro momento; fui novamente estar com elas, quando vi de repente que havia surgido novos brotos... E meu jardim ressurgiu com força total: é primavera!
Deus tem um projeto para nós que escolhemos construir, a cada dia, uma vida melhor, e a chegada da primavera nos faz refletir sobre o projeto de Deus para nós, pois é tempo de fecundidade, de esperança. Na primavera, percebemos que as podas foram necessárias, que o sofrimento nos fortaleceu, que os espinhos também fazem parte da beleza e da delicadeza das flores.
O jardineiro trabalha duro, joga as sementes, planta as mudas, aduba, rega, poda e tira os ramos secos com a certeza de que as flores brotarão no tempo certo. As flores dessa estação indicam que não devemos temer as dificuldades, renúncias, escolhas da vida, mas mostram a certeza de que é possível perdoar, enfrentar o desânimo, o sofrimento, e sermos fecundos, semeando a semente da paz, da esperança e do amor.
É importante reconhecer que, mesmo na ausência de alegrias, a felicidade permanece motivando a luta. Que, por vezes, a riqueza se esconde é no processo das descobertas. E que o resultado é quase nada perto das oportunidades que o processo nos entrega.
Gosto muito desse dito popular: “O melhor da festa é esperar por ela”. Há muita sabedoria nessa premissa. O tempo que nos separa das realizações está prenhe de encantamentos. É só descobrir. Quando a gente descobre que o processo do ir é tão importante quanto o processo do chegar, a gente diminui a possibilidade da frustração final.
Digo isso, porque o calendário de setembro nos propõe muitas datas festivas e, para nós, cachoeirenses, fundador, repórter, jornalista, editor, leitores ou não do Portal Novo Tempo; comemoramos mais um aniversário desse nosso informativo. O jornal da nossa terra, que um leitou definiu-o como: “um pequeno riacho com força de oceano”, está entrando no seu XXIX - vigésimo nono ano – de existência.
Uma caminhada revestida de lutas, de muito trabalho, algumas frustrações, mas sobretudo, de muitas conquistas. Escrever durante 29 anos um jornal, não é tarefa simples, embora eu ame fazê-lo. Mas deveria ser um trabalho de equipe, de forma a não sobrecarregar a uma única pessoa. Mas, infelizmente não é assim. É um trabalho solitário, pouco valorizado, - para muitos, até desconhecido – porque a internet tem coisas mais interessantes a oferecer, penso eu. De qualquer maneira, é um desafio a que me propus e venho levando a termo, mês a mês. Há um desgaste evidentemente, e muitas vezes, me sinto sem estímulo para fazê-lo e mantê-lo, já que pouco lido, mas concordo com os poetas – Almir Sater e Renato Teixeira - que dizem: “...penso que seguir a vida, seja simplesmente, compreender a marcha e ir tocando em frente”.
Assim, vamos conhecendo as manhas e as manhãs, o sabor das maças e das maçãs; porque entendo que a viagem já vale, mesmo que o destino final não tenha sido como nós esperávamos que fosse. A gente insiste em viver para os resultados. Este é um erro recorrente entre nós. Na pressa de chegar, deixamos de olhar para os lados e com isso não percebemos que o caminho é belo e que há matizes a serem observados. Preparar a felicidade já é um jeito de ser feliz.
A primavera chegou, olhai as flores nos campos. Nossas praças e jardins, nossa cidade está mais florida: é mais um ano de conquistas, mais um aniversário, mais uma edição do portalnovotempo1.com.br se abrindo em cada página, como pétalas de flores, vestidas de informação. A semente lançada, brotou; o botão que surgiu em setembro de 1995, floresceu, tornou-se um buquê a colorir os seus dias. Obrigado pela fidelidade, pela companhia ao longo de todos esses anos... Boa leitura!
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