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SAUDOSISMO, NÃO! APENAS BOAS LEMBRANÇAS - SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI
- Fernando Mauro Ribeiro
- 2 de jun. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jun. de 2021
Desde pequenino, esperava com ansiedade por esse dia: “A Festa de Corpus Christi. Um dia diferente de todos. Um dia festivo, um dia em que minha Cachoeira Alegre ficava ainda mais bonita. Meus pais se levantavam mais cedo e, chamavam-nos – os filhos – para participarem das atividades daquele dia; desde a varrição da nossa rua, da praça da Figueira, recolhendo uma grande quantidade de folhas, - não havia limpeza das ruas, por parte da prefeitura, naquela época – até a sua ornamentação, com tapetes de serragem que se estendiam ao longo da Pe. Messias Passos e outras ruas, até a porta da Igreja-matriz.
Meu pai cortava pequenos arbustos e os plantava, conferindo àqueles arredores, ares de cidade arborizada. Enormes cordões de bandeirinhas de papel de seda se enfileiravam, colorindo nossas ruas. Três altares eram montados ao longo do percurso, por onde passaria a procissão com o Santíssimo Sacramento. O mais bonito deles, ficava na porta do casarão do senhor Faustino Delgado e, sua esposa, Carmelita Andrade Gomes, - a Dona Lilita – era responsável. Suponho que também se levantavam bem cedinho para fazerem um altar tão lindo: toalhas, jarros de flores, tapetes, velas... era tudo muito lindo. E não poderia ser diferente.
Era por ali, que Jesus passaria logo depois, sob o palio, conduzido pelo sacerdote, muito bem paramentado, com suas vestes de riquíssimos bordados, num belíssimo ostensório, seguido por uma multidão de fiéis, crianças com vestes e asas de anjos, a sineta tocando, como que a dizer: “venham! Venham todos, adorar a Jesus no Santíssimo Sacramento, que passa, diante de sua casa”!
O cortejo fazia pequena parada em cada um dos altares, as pessoas se detinham para receberem a bênção do Santíssimo, do turíbulo, a fumaça com o aroma do incenso, se espalhava e subia pelos ares. A Banda de Música Santa Cecília reiniciava: “Glória Jesus, na Hóstia Santa, que se consagra sobre o altar, e aos nossos olhos se levanta, para o brasil abençoar...” Era tudo muito bonito de se ver, de participar, de sentir-se inserido naquela solenidade!
E assim, alternando entre um dobrado e outro, o repicar dos sinos da matriz, as orações e cânticos dos fiéis; todos, se dirigiam à Casa do Pai, à Igreja-matriz São Sebastião, onde era oficiada, às vezes, concelebrada, a Santa Missa. A antiga matriz, com suas portas laterais e o pórtico principal recebia as centenas de paroquianos. As imponentes colunas, eram enfeitadas com flores, no presbitério tapetes, vasos, flores e candelabros com velas compunham um cenário de rara beleza.
Ao fazer esse registro, posso parecer saudosista, e talvez, até o seja mesmo. Porém, não ignoro que também nos dias de hoje, há muito bom gosto da parte da equipe de liturgia, também na ornamentação. Só, que, mais um ano em razão da pandemia, não tivemos a procissão na extensa Pe. Messias Passos, a celebração ficou apenas no interior da matriz, com seus corredores decorados com tapetes, - que você verá na galeria de fotos - por onde Pe. João Pedro circulou ministrando a Bênção do Santíssimo.
A finalidade desta festa, obviamente, não está na ornamentação das ruas, na confecção dos tapetes, nem nos belos altares. Sua finalidade é para que nós possamos adorar Jesus na Eucaristia e, assim, aumentar nossa fé, prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas que cometemos contra o Santíssimo Sacramento. E, muito mais que enfeitar as ruas de nossas cidades com tapetes e desenhos, devemos participar dessa procissão e das Santas Missas para adorar e manifestar a nossa fé na presença real do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo no Sacramento da Eucaristia.
De fato, é emocionante, gratificante, mais que salutar, é de se proporcionar um encanto e contentamento ao corpo e ao espírito, poder estar diante de Jesus, Vivo e Ressuscitado, presente na Eucaristia, caminhar com Ele, pelas ruas de nossa cidade, deixá-Lo penetrar nas vielas de nossas vidas, na nossa casa interior; celebrá-Lo, amá-Lo, louvá-Lo, glorificá-Lo, traze-Lo para o palco de nossa existência, faze-Lo participar de nosso dia a dia.
Enquanto encerro esse artigo, vou ouvindo no meu celular o Coral da Matriz, cantando: “Tão sublime Sacramento, adoremos nesse altar, pois o Antigo Testamento, deu ao outro seu lugar, vem a fé, por suplemento, os sentidos completar. Ao eterno Pai, cantemos e a Jesus o Salvador, ao Espírito exaltemos na Trindade eterno amor...” e as imagens de nosso pároco, passeando com o Santíssimo no meio do seu povo. Graça e louvores se deem a todo momento! Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento”!
Fernando M. Ribeiro
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