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08 - PACIFICAÇÃO, VERSÃO 2022 – GOVERNO PROMETE TRANSFORMAÇÃO DAS COMUNIDADES

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 8 de fev. de 2022
  • 3 min de leitura

No dia era 20 de janeiro, eu estava no Rio de Janeiro, havia ido à missa – Viva São Sebastião, nosso padroeiro! – Me sentara na sacada, contemplava fixamente a gigantesca Pedra da Gávea, olhava depois as redes sociais e lembrava-me do que havia visto sobre a “Guerra no Rio”. Sim, infelizmente, o Rio de Janeiro está em constante guerra. A violência, seja ela qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota. (J. P. Sartre). Estaríamos, nós, condenados à extinção? Já que a cidade vive em constante enfrentamento.

Caixa d’água crivada de balas e helicóptero ao fundo, sobrevoando a Favela do Jacarezinho. Essa era uma das imagens que me vinham à mente. Eu havia visto na TV, no dia anterior: “Polícia toma Jacarezinho, Muzema e Tijuquinha”. Exatamente como aconteceu em 2008 com a instalação das UPPs. Unidades de Polícia Pacificadora, o governo do Estado, iniciara agora, a Pacificação 2022 e voltariam as ocupações das Favelas.


UPPs, UM PROGRAMA QUE FEZ SUCESSO E RESULTOU EM FRACASSO

Lembremo-nos de que não é a primeira tentativa das autoridades do Rio de levar paz a moradores de áreas conflagradas. Eu vibrei com a iniciativa em 2008, acreditando que se ia inaugurar um novo tempo na cidade maravilhosa que tanto amo, com o estado apostando num tipo de policiamento comunitário de “proximidade”, o das UPPs.

No início o modelo rendeu bons resultadas. Uma prova disso foram dados do Instituto de Segurança Pública que demonstraram uma queda no número de mortes violentas nas áreas com as UPPs. Mas na avaliação de especialistas, o sucesso durou só até 2014. O programa passou a ser usado politicamente por governadores. Posso testemunhar de que houve uma valorização das favelas e do seu entorno, assim como o aumento da sensação de segurança. Esse é o Rio que todos desejam, pensei.

Infelizmente as coisas desandaram. Fatores como a falta de investimentos em projetos sociais, além das péssimas condições das bases que abrigavam os policiais, fizeram o programa naufragar. Para piorar, os traficantes que haviam deixado seus redutos, não só voltaram para as favelas como expandiram seus territórios para outras regiões. Me entristeci com o LAMENTÁVEL retrocesso.

A violência é sempre estrutural. Se desejamos um futuro de paz, precisamos começar desconstruindo a cultura do machismo, do racismo e da marginalização de classe, pois a pior violência é uma sociedade condenar muitas pessoas à miséria e concentrar a riqueza nas mãos de poucas. A fome não deveria existir no mundo.

A Igreja católica sempre denunciou essa crueldade imposta a tantos por meio de suas Campanhas da Fraternidade, as homilias dos padres que até hoje, são taxados de comunistas por defenderem os mais necessitados, por lutarem contra as injustiças sociais. Todos os dias crianças são mortas por balas perdidas, disparadas por uma sociedade que se conformou com a violência urbana. Basta de crueldade! Precisamos nos rebelar e cobrar uma posição mais humana dos políticos. Esse ano temos eleições e as velhas e novas raposas já estão se mobilizando para tomarem o nosso voto. Há um dito popular que diz: “que gato escaldado sente medo de água fria”. Pois não é que, é exatamente minha posição, em relação a essas novas ocupações nas favelas do Rio?

Oxalá eu esteja enganado e esse seja de fato um primeiro passo para que a cidade respire novos ares daqui algum tempo. Contudo, não é o que me parece, pois, a violência campeia na grande cidade, ela migrou da periferia para a Zona Sul, Recreio, a Barra da Tijuca e outras áreas nobres. Ainda outro dia, eu passava de carro pela orla, diante do quiosque TROPICÁLIA, onde o congolês Moise Kabagambe foi brutalmente assassinado a pauladas, chutes e ponta pés. Não bastasse tanta crueldade, um sargento da Marinha matou com três disparos um trabalhador que chegava em sua casa pela manhã, quando retornava do trabalho. Mas isso, é assunto para outra matéria. Enquanto houver violência eu serei resistência! Toda forma de ódio precisa ser contida.

Fernando Mauro Ribeiro

 
 
 

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