12 - A DOR NOSSA DE TODO DIA. 2.349 MORTOS POR COVID EM 24 HORAS

Pela primeira vez na pandemia, o Brasil registrou mais de 2 mil óbitos em um único dia. O Brasil bateu esse recorde assustador com pacientes sem leitos em UTIs e uma lenta vacinação. Em algumas cidades filas enormes são formadas e idosos voltam para suas casas sem a segunda dose após imunização ser interrompida por falta de vacinas.

Às vésperas de a pandemia completar um ano, país registra a pior estatística. O Brasil é, agora, o epicentro global da tragédia da Covid-19. O país registrou, ontem, 2.349 mortes pela doença, num único dia. É o pior número de toda a pandemia que aconteceu há exatamente um ano desde que ela foi decretada pela OMS. Até então, os EUA eram o único país que havia registrado mais de duas mil mortes por Covid em um só dia sem que se houvesse problema de fluxo de dados. Isso ocorreu em 88 ocasiões diferentes, 20 durante a primeira onda da pandemia, entre março e abril, e outras 68 de novembro até a semana passada.

Os Estados Unidos, porém, estão em tendência de queda agora, diferentemente do Brasil. Índia, México e Argentina também chegaram à marca, mas havia dados represados a serem computados. No Brasil o registro é consistente com o histórico recente, de seis dias de superação de 1.500 óbitos nos últimos dez dias. O país segue na contramão do resto do mundo, com avanço descontrolado da doença.

O país também superou ontem os EUA, que têm uma população 59,9% maior, no número de novos casos diários e na média móvel semanal de mortes. Ontem, segundo o consórcio de veículos de imprensa, foram 80.955 novos infectados, puxados sobretudo pela explosão de casos em São Paulo e nos estados do Sul. Esse aumento acentuado acontece porque a gente ainda está colhendo consequências de Natal, Ano novo, férias e carnaval, um em cima do outro, com as pessoas se expondo mais.

A microbiologista Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência, disse que o número inspira cuidados e que medidas sanitárias rigorosas deveriam ser tomadas. A gente precisa de medidas drásticas imediatamente, não tem mais o que falar. Temos que fazer o lockdawn, e se vamos fazer, agora é pra fazer direito, afirma Pasternak, acrescentando que a campanha de vacinação ainda é muito incipiente e não deve ter efeito na taxa de infecção a curto prazo.

O avanço de casos e mortes tem se dado em ritmo mais acelerado do que o previsto, está fora de controle. Não adianta só oferecer leitos, é preciso conter o vírus, e isso nunca foi feito com seriedade no Brasil. Agora o Brasil é recordista de mortos, sem controle da transmissão e sem vacina suficiente, tornou-se o foco da preocupação planetária, diz o pesquisador da USP de Ribeirão Preto, Domingos Alves.

Os números atuais são reflexo do “fracasso” da resposta do governo Bolsonaro. Não era para o Brasil está nessa situação. Essa quantidade de óbito é inaceitável. A gente já vinha alertando, lamenta, a epidemiologista Gulnar Azevedo, presidente da ABSC. São 2.349 mortes em 24 horas (em um único dia) e um total de 270.917 mortes (ao longo da pandemia).

E temos um presidente que critica as medidas restritivas, condena o isolamento, o uso de máscara e a vacina. Esse cidadão, (mito) para tanta gente, modelo de perfeição, está brincando com as nossas vidas, está debochando da dor alheia de tantos que perderam seus entes queridos. Por incompetência de sua administração a vacina não chego a tempo de poupar vidas como a de minha mãe, de meu irmão e de tantos amigos meus, como o Ivan Lacerda Soares, cachoeirenses, vítimas da Covid-19.

Fernando Mauro Ribeiro Baseado em matéria do extra.globo.com