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23 - ENTREVISTA COM O PAPAI NOEL DA ESCOLA MARIA DE LOURDES RODRIGUES
- Fernando Mauro Ribeiro
- 23 de dez. de 2021
- 5 min de leitura
Atualizado: 28 de dez. de 2021
SENHOR JOSÉ CLÓVIS RODRIGUES É O PAPAI NOEL DA ERA MODERNA. Ele está de volta, nesse período em que a pandemia decidiu nos dar uma trégua... ensinando a criançada a escovação dos dentes, trazendo presentes, o carinho expresso no abraço, a cultura e entretenimento. Esse senhor nos concedeu uma entrevista e você confere agora, na Coluna: "Vale a pena ler de novo" . Confira:
Apesar da agenda apertada, causada em parte pelo mau tempo que torna ainda pior as nossas estradas, fazendo com que cancelemos compromissos agendados com tanta antecedência, dificultando um encontro com os amigos, inviabilizando uma visita à terrinha e impossibilitando-nos até mesmo de honrar com nossos compromissos, impedidos que somos de ir e vir. Vencendo todos esses obstáculos, o senhor José Clóvis Rodrigues, gentilmente atendeu nosso pedido e conversou um pouquinho com nossa equipe, na biblioteca da Escola para contar um pouco de sua história e desse trabalho que realiza há 17 anos.
A história do senhor José Clóvis é bastante interessante. Seu avô, Jovelino José Rodrigues, - vindo da cidade de Torreões, MG. – exerceu durante longos anos o ofício de escrivão do Cartório de Registro Civil de Cachoeira Alegre, que teve como sucessores o senhor Mário Rodrigues, Geraldo Rodrigues e Rita de Cássia Rodrigues, todos, membros da família.
Portal N.T: Ao se dirigir às crianças, o senhor o fez com propriedade, entusiasmo e de forma bastante didática. Me fale um pouco do senhor, sua formação, sua trajetória.
José Clóvis: Eu sou um autodidata, fiquei órfão de mãe com 3 anos, meu pai não se casou novamente – éramos sete irmãos – e os filhos se dispersaram. Alguns ficaram com meus avós maternos, em Silveira Carvalho, outros foram para o Rio de Janeiro. Com dez anos eu fui morar no Rio, levado pelo meu irmão, que se casara, em 1949.
Portal N. T: O senhor disse que aqui, andava a pé e descalço um longo trecho para se conseguir estudar. Como foi essa transição?
José Clóvis: Venci algumas dificuldades. Comecei a trabalhar com 14 anos, numa loja, uma papelaria, mas que fazia também consertos eletrônicos. O proprietário me ensinou tudo de eletrônica e, era um verdadeiro pai para mim. Em 1962, vítima de um enfarto, ele faleceu aos 42 anos.
Portal N. T: Lidar com perdas não é fácil e o senhor tinha uma relação muito estreita com ele. Foi um período difícil né?
José Clóvis: Parece que o chão se abriu. Eu me casaria no dia 28 de setembro e ele faleceu no dia 16. Isso foi para mim uma grande perda. Permaneci por mais quatro anos nesse trabalho. Eu estava cursando o CEP. Curso Especializado Preparatório para a Escola Militar, em Cascadura. Fui para o Exército, fiz o curso de Cabo e de Sargento. Eu era da área de telecomunicações, era Cabo telefonista e, quando me chamaram para ser promovido a sargento, eu tive uma decepção muito grande, pois fui aprovado nos testes e no HCE fui eliminado nos exames médicos. Por um problema insignificante de saúde fui julgado incapaz. Eu tinha uma vontade louca para ingressar na carreira militar, a exemplo do meu irmão que em 1948 já era terceiro sargento.
Portal N. T: Depois dessa decepção... Dizem que quando uma porta se fecha, Deus abre-nos uma janela. O que foi que aconteceu?
José Clóvis: Nessas minhas andanças, surgiu uma oportunidade de trabalhar na aviação. Um senhor que me conhecia da época da loja, ele era funcionário da Varig e me indicou para trabalhar lá. Mesmo sem ter um curso técnico, só mesmo com a experiência adquirida anteriormente, fui aprovado. Depois me capacitei, fiz um curso específico e me classificaram como técnico. Fiquei surpreso quando fui alçado a um cargo mais elevado e quis saber como dera essa ascensão.
Portal N. T: Conta-nos, como foi?
Meu chefe me disse: o profissional dessa área vai se aposentar e o senhor ocupará esse cargo de chefe de seção por merecimento e competência, pois o senhor conhece tudo da área. Eu disse: Vou pensar! Ao que ele responde: Vais pensar nada, já vou mandar publicar na circular e o senhor tem a partir daí essa função. Assim, em 1986 me tornei chefe de seção, fui bem recebido por todos, trabalhei 28 anos na Varig e me aposentei lá.
Portal N. T: Quero dizer que a escolha do nome para a Escola Municipal me deixou muito feliz, que foi uma justa homenagem, pois convivi com a Dona Lourdes, ela foi minha professora e depois como maestrina, à frente do coral da Matriz, do qual fazia parte e, sou testemunha da enorme contribuição que ela deu para a educação e cultura de Cachoeira. Embora, faça mais de vinte anos, como sobrinho que é, como o senhor recebeu essa notícia?
José Clóvis: Olha, Fernando. Foi também com muita alegria, uma vez que ela era minha tia e eu era conhecedor de sua capacidade para educar. Primeiro, era professora rural, mas era também formada pelo conservatório de Música. E me parece que foi ela quem doou essa área para a construção da escola.
Portal N. T: O senhor tornou-se uma espécie de anjo da guarda da instituição, ao fazer doações de material e esse trabalho incrível de visitá-la todo mês de dezembro, fazendo essa festa, com a distribuição de presentes para os alunos. O que o levou a tais atitudes?
José Clóvis: Quando soube que minha tia havia sido homenageada, fiz contato com o prefeito da época – Carlos Augusto Rosa - o Gute. Ele então me disse que o nome fora escolhido por unanimidade, que estava em seu primeiro mandato e que a Escola tinha dificuldades por se tratar de uma comunidade carente e dos poucos recursos do município. Daí, decidi contribuir de alguma forma e, consegui com parentes e amigos um computador, algumas coleções de livros para a biblioteca e fazemos esse trabalho com as crianças.
Portal N. T: O senhor já fazia algo parecido em Nilópolis, a cidade que mora. Há uma ONG, um clube que patrocina esse evento?
José Clóvis: Sim, fazia lá um trabalho semelhante com recursos próprios e com a ajuda de empresários do comercio local e evidentemente dos amigos. Não há ONG nem um clube que dá suporte não.
Portal N. T: Por que desistiu desse trabalho lá, já que há na cidade também uma carência?
José Clóvis: De fato há. Mas há também outras pessoas que fazem esse trabalho e a comunidade é assistida.
Portal N. T: A Escola de Samba Beija Flor de Nilópolis é um orgulho para cidade. Fale de um trabalho social que a Escola realiza na comunidade.
José Clóvis: Sem dúvida, a Escola é orgulho de todos nós. Ela levou o nome de Nilópolis para o Brasil e o mundo. O patrono da Escola de Samba Anísio Abraão realiza junto à diretoria um trabalho muito importante. Uma creche que atende a centenas de crianças.
Fernando M. Ribeiro
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