Buscar
24 - HÁ UM CONVITE LATENTE PARA A PRECE EM CADA COISA
- Fernando Mauro Ribeiro
- 24 de fev. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 27 de fev. de 2023
“Nas vossas orações, não multipliquei palavras, como fazem os pagãos...” esta exortação encontra-se no livro sagrado, em Mateus, 6, versículo ,7. A oração, em sua manifestação mais pura, há de ser sempre o diálogo espontâneo de dois amigos, ou a conversa franca dos filhos que se dirigem ao Pai. Aprendi isso na minha juventude. Logo, a certeza de que já faz muito tempo.
“Que proveito nos trouxe o orgulho? Que vantagem nos trouxe a riqueza, unida à arrogância? Tudo isso passou como uma sombra, como notícia que corre veloz”. (Livro da Sabedoria 5, 8-9). E quanta sabedoria há nessas palavras! Não basta que cheguem a nosso conhecimento as palavras, nem mesmo se a aprendemos de cor. É preciso que Jesus, com seu poder divino, nos abra os ouvidos do coração, para podermos assimilar suas palavras. Sem Ele, nada podemos de fato. Será que o Cristo ainda tem lugar no mundo? Posso parecer estúpida essa minha pergunta, mas, às vezes, diante de tanta coisa que se vê, a impressão que tenho é que o mundo caminha para o fim. Eu sei que Deus tem um projeto para nós, que é a salvação, para que possamos chegar à vida plena. Porém, se não mudarmos nossas atitudes, não mudaremos nada, nem a nós mesmos.
Há um convite latente para a prece em cada coisa, nas vozes, na natureza, nos acontecimentos diários da vida. Há quem consegue levar-vos à prece genuína de todas as coisas e de todas as horas através do canto. Há músicas que me arrebatam, há silêncios que enternecem. Daqui donde agora estou – Condomínio Rio II – Jacarepaguá - Rio de Janeiro – olho fixamente para uma face da pedra da Gávea. Uma imensa coluna de rocha que meu amor deu o nome de Gigante. E parece mesmo um gigante a nos espiar de longe. Parece exercer sobre mim um magnetismo, que às vezes, também eu, fico daqui, da sacada, a contemplá-lo ao distante e outras vezes, sinto-o tão próximo. Acho que é uma forma de oração quando se reconhece a grandeza de Deus também através de sua criação.
O salmo 103 é uma belíssima oração e recitei-o hoje, enquanto caminhava pela praia da Barra: “... Alegro-me no Senhor, ao contemplar as suas obras! A terra vós firmastes em suas bases, ficará firme pelos séculos sem fim; os mares a cobriam como um manto, e as águas envolviam as montanhas. Fazeis brotar em meio aos vales, as nascentes que passam serpenteando sobre as montanhas; às suas margens vêm morar os passarinhos, entre os ramos eles erguem o seu canto. Quão numerosas, ó Senhor são vossas obras, e que sabedoria em todas elas! Encheu-se a terra com vossas criaturas! Bendize, ó minha alma ao Senhor”!
O Brasil, essa terra amada, foi por Ti, abençoada logo ao nascer. Só em Jesus, o Brasil, essa pátria que amamos, poderá ser grande e há de vencer. Nascemos como se uma ilha fosse: a Ilha de Vera Cruz, mas logo descobrimos que somos Terra de Santa Cruz. Ao me levantar, faço o sinal da cruz, antes das refeições o mesmo gesto, se passo diante de uma pequenina capela, uma igreja simples, um silencioso santuário, uma grandiosa catedral, um suntuoso templo, o gesto se repete, e em tantas outras ocasiões e situações ao longo do dia, até que o véu da noite desce e mais uma vez, culmina com a cruz em destaque nos louvores de mais uma dia que me destes.
Se caminho pelo quintal de minha Cachoeira Alegre, vejo que estás presente em tudo, na poda das árvores, no corte das ervas daninhas, no brotar de cada plantinha que diz: eu sou obra do Senhor! No canto dos passarinhos que enfeitam os jardins de minha mãe e entoam seu canto em suaves melodias que que faz transbordar de alegria a alma dos poetas. As folhas, acariciadas pela brisa da manhã, agradecem o orvalho da noite. O correr preguiçoso do Córrego Rico que, com pouquíssima água, passa devagarinho, é meu mensageiro que está a levar os nossos segredos para entregá-los aos mistérios do mar.
De repente, diante do monumento a Nossa Senhora Aparecida e no chão; uma cruz de braços abertos é um convite à prece. Mais adiante, um anjo é o guardião da outra esquina e, na base desse monumento, está gradada a palavra “saudade” que me leva aos passos dos meus antepassados que também caminharam por aqui. Saudade que deriva do latim solidão, solitário, só. Esse sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória de privação da presença de alguém ou de algo, o afastamento de um lugar, de algo, ausência.
Lá em baixo, à margem do riacho, quase que à sombra de uma mangueira, o Cristo Redentor me convida ao abraço. Sei que um abraço sincero acaricia a alma, imagine dar de cara com Ele a nos convidar: “Vem que eu mostrarei que o meu caminho te leva ao Pai, guiarei os passos teus e junto a ti hei de seguir...” Não é maravilhoso! Se estivermos atentos, há sim, um convite para a prece em cada coisa!
Fernando Mauro Ribeiro
Posts recentes
Ver tudoCom as procissões de segunda e terça feira em que as imagens tomaram caminhos opostos, como acontece nos anos anteriores, para se...
A Igreja Católica comemora na Semana Santa os Mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Semana Santa só é...
“Dilatai portas vossos umbrais, alçai-vos os antigos pórticos, e o Rei da glória entrará. Quem é esse Rei da glória? É o Senhor poderoso,...
Comentarios