25 - UM CARNAVAL DA SAUDADE E OUTRO DA ESTUPIDEZ

São dez dias aqui no Rio de Janeiro. Uma viagem bastante tranquila. À bordo de um ônibus da empresa Rio Doce, estava com um livro e o li, praticamente durante a viagem. “De repente, acordei” é o título do livro, de Rodolfo Montosa. E assim como o autor, dei asas à imaginação e viajei nas páginas desse livro gostoso de textos riquíssimos, os 313 quilômetros de pista negra pela BR 116 até ao Rio. A proposta do autor é a partir das mensagens bíblicas, fazer uma incursão pelo paraíso, viajar, sonhar com as glórias eternas.

Ele convida o leitor a sonhar com as maravilhas que o Criador preparou na eternidade para aqueles que o amam. O autor constrói uma narrativa fictícia que conforta o leitor angustiado e aflito, cuja esperança e fé estão pressionadas pela dor e pelo sofrimento. Um livro que adquiri aqui mesmo no Rio em 16 de janeiro de 2021 e que agora, coube-me lê-lo.

Como eu dizia, a viagem fora bastante tranquila. Só tive problema na Linha Vermelha: congestionamento, trânsito lento, mais parado que andando. Fiquei uma hora e vinte nessa lentidão. Temi que fosse algo pior. Do tipo: assalto, acidente, troca de tiros com a polícia, coisas assim. Mas não vi nada. Se foi, não tomei conhecimento. Acho que foi em virtude do Carnaval quando o tráfego de veículos fica mais intenso mesmo. A avenida Brasil também estava caótica.

Quando deixamos a Linha Vermelha na altura do bairro São Cristóvão, me parece que é Francisco Bicalho o nome que se dá àquele acesso, o trânsito fluiu melhor e logo cheguei à Novo Rio. Esta, já tomada de passageiros nesse ir e vir frenético desses dias que antecedem e o pós carnaval. Espera-se que nesses dias quinhentas mil pessoas deixarão a cidade e outras tantas aqui aportarão nos navios que já estão atracados e lotados de turistas. Não sei a estimativa de portos e aeroportos, mas a Rodoviária Novo Rio já dava sinais do que seria passar por lá naqueles dias.

Da rodoviária até ao Condomínio, na Barra, foi tranquilo, vim bastante rápido. Não terão a mesma sorte, aqueles que vierem a manhã, quando os carros alegóricos deixarão os seus barracões rumo à Marquês de Sapucaí e, para quem vem ao Rio com mais frequência, conhece a história e sabe bem o transtorno que isso causa. Quando cheguei, vi no meu celular algo que escrevi e que é o seguinte: “Clareou, amanheceu, agora é festa. Vou cantar, vou batucar é o que me resta. Vou brincar, dançar e nenhum temor desperta, ser feliz é o que interessa, a vida é um eterno carnaval e ao que sei: a morte é certa”. (datado de 10-02-2023). E constato agora, que foi um pouco de cada coisa que fiz.

Para muitos, o Carnaval se estende, vai além de Quarta-Feira de Cinzas. Não é o meu caso. Acho inclusive que a tendência é ir me distanciando da Festa de Momo. O folião vai aos poucos, se despindo de suas fantasias e já não será mais presença nos blocos cachoeirenses, nem nos daqui do Rio. Vou apenas aplaudir aqueles que passarem por mim e, se acaso eu trouxer alguma lágrima no olhar, que ninguém se impressione. Continuarei no palco da vida por mais algum tento, somente deixo o palco do samba, o teatro das ilusões.

Os carnavais das antigas marchinhas, ainda faz a alegria dos Blocos. Sem querer ser saudosista, mas é a irreverência, a alegria em sua essência. Basta ver a Banda de Ipanema ou o Cordão do Bola Preta, as duas mais tradicionais bandas cariocas saírem às ruas e em poucos minutos elas arrastam multidões atrás de si. Nesse ano, não assisti nem a um compacto dos desfiles da Escolas de Samba do Rio e nem de São Paulo, do primeiro e nem do segundo grupo (o grupo de acesso).

Como dói, ver o que os carnavalescos da Escolas estão levando para a avenida. Já é praxe os corpos desnudos, a genitália à mostra e tantas outras apelações que há décadas desfilam nos sambódromos. É deprimente ver o que elas encenaram nos desfiles dos últimos anos e está a cada dia pior na Marquês de Sapucaí. Questionam os verdadeiros valores e zombam da fé de um povo. Uma festa que poderia ser tão bonita não fossem essas cenas tão grotescas, desnecessárias, estúpidas mesmo.

Fernando Mauro Ribeiro

BRINCAR O CARNAVAL DA SAUDADE TAMBÉM TÁ DIFÍCIL:

Como irei agora, para o Carnaval da Saudade se não podemos mais cantar essas músicas? Nem mesmo Cidade Maravilhosa! Vejam isso:

MARCHINHAS QUE ESTÃO CANCELADAS PARA 2023:

Motivos:

Me dá um dinheiro aí... ASSALTO;

O teu cabelo não nega... RACISMO;

Cabeleira do Zezé... HOMOFOBIA

Você pensa que cachaça é água... Alcoólicos Anônimos, reagiu;

Bandeira branca... TRÁFICO;

Máscara Negra... BLACK BLOCKS;

Vou beijar-te agora... ASSÉDIO;

A turma só me chama de palhaço... BULLING;

Você tem que me dar seu coração... CRIME PASSIONAL;

Maria Sapatão... APOLOGIA GAY FELICIANA;

Índio quer apito, se não der, pau vai comer... EXTORSÃO;

Cidade maravilhosa... CALÚNIA.

Ainda bem que somos de outra época!

QUE VOCÊ SE CURE – UMA REFLEXÃO

Que você se cure das desculpas que nunca vieram, do perdão que nunca chegou.

Que você se cure do silêncio que deixaram quando tudo que você queria era uma explicação.

Que você se cure da falta de respeito e entenda que nem sempre o outro vai ter a mesma consideração e isso não diminui o que você é.

Que você se cure das promessas que nunca se cumpriram, das palavras que não se tornaram atitudes.

Que você se cure do adeus sem despedida, do vazio que fica quando alguém que amamos decide ir sem nos levar.

Que você aceite que quem te feriu não vai te curar, porque muitas vezes, essa pessoa não percebe a ferida que ficou aberta no seu peito.

Que você se cure de quem te magoou.

Que você se cure de todas as vezes que se doou e em troca recebeu ingratidão.

Que você se cure pois nada nessa vida te faz mais forte do que superar o que um dia te magoou.

QUE VOCÊ SE CURE DE TUDO QUE TE FERIU!