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25 - DIA DO ESCRITOR - VIVA A LINGUA BRASILEIRA!

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 25 de jul. de 2023
  • 5 min de leitura

No dia 25 de julho, comemora-se o Dia do Escritor e não queria encerrar essa edição sem abordar esse tema que é tão próximo de quem se propõe a fazer um jornal, como é o caso no Portal Novo Tempo que, se consolidou como um desses informativos que há mais de duas décadas presta serviços ao município, levando informação aos nossos leitores-internautas. Achei oportuno publicar uma entrevista em que o escritor e jornalista Sérgio Rodrigues fala de seu livro, que tira dúvidas atuais sobre a língua portuguesa, além de abordar modismos, preconceitos linguísticos, lendas etimológicas, entre outros temas que tornam a obra um best-seller na área.

O idioma de Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade nunca foi tão utilizado. Se até poucas décadas atrás os jovens lidavam com a escrita apenas em salas de aula, hoje eles passam o dia inteiro digitando e interagindo nas redes sociais – para não falar dos inúmeros brasileiros que precisam dominar a língua portuguesa no trabalho.

Isso não significa que ela esteja sendo bem tratada, com o o poeta de Lisboa e Itabira faziam. Ainda há um longo caminho para erradicar certos preconceitos sobre a língua portuguesa no Brasil, já que eles acabam perpetuando não apenas erros gramaticais, mas até mesmo a desumanidade entre os falantes.

A boa notícia é que o público ganhou um grande aliado para aprimorar o uso do idioma, sem esbarrar nas dificuldades das gramáticas tradicionais e sem o vale-tudo da internet. Trata-se do livro “Viva a Língua Brasileira”, do jornalista muriaeense, Sérgio Rodrigues.

Com ele, os leitores podem tirar as principais dúvidas da língua portuguesa falada e escrita no Brasil. Por meio de verbetes, Sérgio aponta as escolhas mais adequadas de palavras, conta a história por trás dos vocábulos, mostra como alguns erros foram se cristalizando com o tempo, debate pronúncias, entre vários outros temas que, sem dúvidas, pega muita gente pelo pé num vestibular, ou num relatório empresarial. O livro, inclusive, elucida diversas pegadinhas consagradas, capazes de tombar até mesmo alguns escritores de renome.

É sintomático, nesse contexto, que um intelectual como Leandro Karnal tenha se manifestado sobre o “Viva a Língua Brasileira”, dizendo que a obra o ajudou a corrigir vários vícios linguísticos, sob o olhar generoso com que o autor tratou o idioma.

Para tanto, Sérgio Rodrigues valeu-se de sua longa trajetória como consultor linguístico na grande imprensa e também de seu ofício como escritor (ele é autor de “Elza, a garota” e de “O drible”, vencedor do 12° Prêmio Portugal Telecom de Literatura, entre outros títulos). Eles lhes renderam um arsenal imenso de questões que estão presentes na cabeça dos brasileiros deste século, como o próprio Sérgio afirma na entrevista que você verá a seguir. Segundo ele, o livro tira “as teias de aranha da norma culta” e apresenta o idioma de forma simples e acessível, ao leitor. Confira.

Muitos dizem que nunca escrevemos tanto como hoje. Os jovens digitam mensagens 24 hs pelo celular. Teu livro, aliás, aborda vários termos utilizados pelos internautas. Você acha que há espaço para um apuro maior com a língua nos ambientes virtuais ou eles necessariamente desprezam um domínio formal?

Sérgio Rodrigues: O ambiente virtual tem espaços variados e isso inclui aqueles em que cabe certa formalidade, como nos textões, nos artigos argumentativos. É claro que há também muitos espaços para conversas, trocas rápidas, interação passional, zoação pura e simples, e isso vai ser informal sempre – como já era informal no mundo não virtual, aliás. Acho positiva a revalorização da palavra escrita que a cultura digital trouxe. Esse foi um desdobramento inesperado. Na minha adolescência, todo mundo via televisão e quase ninguém escrevia nada.

No Brasil, muitas pessoas, corrigem quem “fala errado”, menosprezando a diversidade de usos da língua. O livro trata muito bem o assunto. Você acredita que esse processo impensado do público, pode, um dia, ser revertido?

Sérgio Rodrigues: É preciso estar atento contra o preconceito, o esnobismo, a desumanidade, tanto na língua quanto em qualquer outro aspecto da vida. Convém se precaver também contra o que eu chamo de sabichonismo, que de certa forma é pior – o cara inventar um erro onde ele não existe só para corrigir o próximo e se sentir superior. Mas reconhecer e valorizar a diversidade não significa dizer que “o erro não existe”. Socialmente, o erro existe, sim. Existe na norma culta, no registro prestigiado em que é escrito esse jornal, o meu livro, as leis, as petições, os relatórios da firma, as provas do Enem. A norma culta é um fato da língua como qualquer outro. O “Viva a Língua Brasileira”, se preocupa em tirar as teias de aranha da norma culta, apresenta-la como uma construção histórica, criticá-la, mas não está interessado em demoli-la.

Como tem sido o retorno dos leitores. Há chances de uma continuação? Foi difícil peneirar os temas?

Sérgio Rodrigues: A reação ao livro superou minhas expectativas. Como ele nasceu da minha experiência de 15 anos como colunista de língua em diversos lugares da imprensa tradicional e da internet, eu já tinha uma boa ideia dos temas e dos tópicos que mobilizavam os leitores. Isso me ajudou na seleção final. Grande parte dos textos nasceu em resposta a consultas do público, ou seja, o livro acabou sendo uma seleção das maiores dúvidas de português que estão na cabeça dos brasileiros neste século. Mesmo assim, eu não esperava um interesse tão grande. Uma continuação é provável, mas não está nos planos agora. Ele ainda tem muita estrada pela frente.

Você tem uma carreira importante como jornalista. A profissão, no entanto, costuma ser detratada por parte do público e, especialmente, pela própria classe. Por outro lado, o grosso do conhecimento atual tem sido difundido por jornalistas com biografias e grandes reportagens. Diante disso, como você vê o jornalismo, hoje, no Brasil? No que detratores pecam ao massacrar a profissão e o que os otimistas em excesso precisam refletir sobre ela?

Sergio Rodrigue: Jornalismo é uma atividade fundamental em qualquer sociedade que se pretenda democrática. Essa modinha recente de se meter o pau na profissão tem uma parte legítima de reações a erros reais cometidos pela mídia, que passa por uma crise grave no mundo inteiro, e uma parte maior de manipulação política descarada, demagogia. Uma demagogia perigosa. Liberdade de imprensa é um valor inegociável. Jornalistas devem ser criticados, claro, e precisam fazer autocrítica o tempo todo, mas demonizá-los só interessa a quem luta contra os valores democráticos. Simples assim.

Você nasceu em Muriaé, morou em Itaperuna, mas fez sua carreira na capital e já rodou o mundo. Que lembranças você guarda das duas cidades e em que medida essa formação inicial influencia seu jeito de ser e seu trabalho?

Sergio Rodrigues: Na minha infância eu já queria ser escritor e sabia que seria mais fácil realizar esse sonho, morando numa metrópole. No interior, eu me sentia como numa espécie de exílio permanente. Hoje percebo que foi uma sorte ter nascido e crescido em cidades assim, com uma liberdade de movimentos que, nos anos 70, uma cidade grande já não proporcionava. Considero isso uma sorte imensa. Quanto ao sentimento de exílio, que nunca foi embora, acabei descobrindo que ele faz parte da condição de quem escreve. O que eu achava ser um problema era uma vantagem.

Por Sthevo Damaceno – www.maniadesaude.com.br

 
 
 

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