A VACINA DEU REAÇÃO – MINISTRO CAIU. E NÃO FOI DE FEBRE

Com essa manchete de primeira página, o Extra, - jornal carioca – estampou hoje, os rostos aparentemente preocupados de Bolsonaro e do até então ministro (homem da inteira confiança do presidente), Rodrigo Salles. O pedido de demissão do ministro que era alvo de duas ações no STF, foi visto como uma tentativa desviar o foco das denúncias envolvendo a compra da Vacina Covaxin. Mais cedo, um servidor disse que tinha avisado a Bolsonaro das irregularidades, em março, mas que nada foi feito.

Alvo de duas investigações no (Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles pediu demissão ontem ao presidente Bolsonaro. Esperada desde que Salles foi alvo de operação da Polícia Federal em maio, a saída ocorreu no dia em que uma nova crise política explodiu no gabinete da presidência com a denúncia do servidor do Ministério da Saúde de que há irregularidades na compra da vacina indiano Covaxin, das quais o presidente teria conhecimento.

O ato de exoneração foi publicado em edição extra do Diário Oficial ontem. O atual secretário da Amazônia e Serviços Ambientais da pasta, Joaquim Álvaro Pereira Leite, foi nomeado em seu lugar. Para deixar o cargo, Salles alegou motivos familiares, apesar do respaldo do Palácio do Planalto, que tenta abafar o escândalo da vacina indiana. Pessoas próximas relataram que o ex-ministro vinha dando sinais de cansaço.

Ele deve deixar Brasília e voltar a São Paulo, onde se encarregará de sua defesa nas investigações que deixarão o foro do STF e irão para a justiça de primeira instância. A saída de Salles ocorre 14 meses após ele sugerir em reunião ministerial aproveitar a intenção da imprensa na pandemia para aprovar “reformas infralegais de desregulamentação e simplificação” na área do meio ambiente e ir “passando a boiada ”.

HISTÓRICO DE POLÊMICAS E CRÍTICAS

Salles resistiu no cargo, mesmo enfrentando conflito com outros integrantes do governo e sendo alvo da crítica interna e internacional pelos rumos da política ambiental no Brasil, com o aumento do desmatamento na Amazônia e no Pantanal. O escritório de Advocacia que Salles tem com a mãe, a advogada Diva Carvalho de Aquino, aparece nos relatórios da Polícia Federal com operações financeiras suspeitas.

O material foi feito com bases em informações do Conselho de Atividades Financeiras. Uma movimentação de 1,7 milhão, entre outubro de 2019 e abril de 2020, destoando do histórico de transações. Após a exoneração, Salles fez pronunciamento no Palácio. Sem máscaras, lembrou sua gestão, refutou críticas e defendeu que o país invista em infraestrutura para continuar a “liderar o agronegócio”.

ELOGIO DE BOLSONARO UM DIA ANTES

A demissão ocorreu após Bolsonaro ter demonstrado publicamente que Salles tinha o seu respaldo. Em um evento de motocicletas em 12 de junho, o presidente elogiou o ex-ministro apoiado por ruralistas, fatia importante do seu eleitorado. Um dia antes da demissão, o ex-ministro recebeu nova deferência de Bolsonaro em um evento no Planalto. O presidente parabenizou Salles, dizendo que às vezes, a herança do ministério é uma “penca de processos” e afirmou que lamenta o tratamento dado “por alguns poucos desse outro Poder”.

Em nota, o governo afirmou que Salles e Bolsonaro conciliaram “a defesa do meio ambiente com o necessário desenvolvimento econômico sustentável”. O ex-ministro deixa o governo em meio à crise hídrica e ao risco de apagão no setor elétrico. Em 2019 e 2020, o Brasil registrou as piores taxas de destruição da Floresta Amazônica desde 2008. Quase 21 Km² de mata desapareceram.

Fonte: Jornal Extra